sexta-feira, 10 de julho de 2020

Esculpindo Talentos: uma iniciação à arte da escultura

Preservando a arte no município - criação da Oficina Esculpindo Talentos: um iniciação à arte da escultura
  
A oficina “Esculpindo Talentos: uma iniciação à arte da escultura” foi criada em 2018, pela Administração Municipal de Treze Tílias, sob a coordenação da Secretaria de Cultura, com o principal objetivo de valorizar e dar continuidade à arte da escultura, trazida pelos imigrantes austríacos à cidade de Treze Tílias, em 1933.


  
A oficina é ministrada para crianças e jovens de 10 a 17 anos, buscando despertar o potencial criativo desde cedo, desenvolver novos talentos e perpetuar esse trabalho de grande importância para o nosso município.

Treze Tílias possui uma identidade cultural muito expressiva e busca inserir a comunidade nesse contexto, com o intuito de preservar as tradições. Atualmente, a cidade possui mais de vinte escultores, artistas plásticos e autodidatas, atuando profissionalmente. Esculpem obras dos mais diversos temas, mas foi a arte sacra que fez com que Treze Tílias ficasse conhecida, contribuindo com o desenvolvimento do turismo na cidade, que tem o título de "Capital Catarinense dos Escultores e Esculturas em Madeira".

O projeto teve início em agosto de 2018 com vinte alunos. Até dezembro de 2019, mais de sessenta alunos já fizeram parte da oficina. Em 2020, as aulas estão suspensas em razão da situação atual. 



As aulas acontecem de segunda-feira a sexta-feira, com, no máximo, quatro alunos pela manhã e quatro à tarde, com uma hora e meia de aula para cada dupla. As aulas são em dupla, mas cada aluno desenvolve as atividades individualmente. A oficina é gratuita e oferecida em contraturno ao horário escolar. Os materiais utilizados são todos oferecidos pelo município, gratuitamente, através de recursos próprios da Secretaria Municipal de Cultura. 


José Dalla Costa, servidor efetivo do município e escultor da cidade é o professor da oficina. José é descendente de italianos e iniciou suas atividades como escultor em 1990, de forma autodidata. Atualmente, faz esculturas de médio porte cujo tema principal é o cavalo. Sua didática, paciência e dedicação faz com que todo semestre tenhamos fila de espera nas inscrições.  Ainda em 2018, o projeto recebeu a doação de formões novos, trazidos direto da Áustria. Desde lá, José ensina, diariamente, seus conhecimentos aos jovens com muita dedicação e um único propósito: dar continuidade à arte de esculpir. 



Os jovens aprendem a entalhar em madeira, iniciando com o desenho e depois com a técnica do cinzelamento. No primeiro mês, as aulas são sobre noções básicas de desenho: tamanho, proporção, como utilizar corretamente um esquadro, uma regra, um compasso. Após um mês, o aluno começa a aprender a utilizar as ferramentas (formões, lixas), passando a praticar com o material disponibilizado gratuitamente pelo município. Tudo é manuseado com o maior cuidado, sempre com o auxílio do professor, principalmente, com os mais jovens. Os primeiros desenhos são feitos no papel, que, em seguida, são transferidos para a madeira, por meio da técnica de carbono. Logo após, passam a entender o funcionamento da técnica do relevo. 

O professor explica que existe o alto e baixo relevo, e permites aos alunos executarem o alto relevo, tirando o excesso da madeira e moldando a figura. Chama-se, segundo o escultor, o cinzelamento, quando de um bloco de madeira retira-se o excesso da figura, utilizando ferramentas de corte apropriadas, como o cinzel (formão). 



As figuras a serem desenhadas e esculpidas são escolhidas pelos próprios alunos, conforme o gosto de cada um. As mais comuns são animais, objetos e escritas em geral (nomes). Por fim, aprendem a pintar suas obras, com tintas para artesanatos, e cores conforme o gosto de cada aluno, como forma de enriquecer a obra. 

Ao final de cada semestre, são realizadas exposições para a comunidade e turistas conhecerem o trabalho desenvolvido pelos alunos. Também participam da Semana da Escultura, expondo suas obras e interagindo com os renomados escultores da cidade, e durante a Feira de Artesanato, com os mais de quarenta artesãos locais.



As avaliações do projeto foram mensuradas em conversa com alunos participantes do projeto e pais e, felizmente, todas positivas. Foram realizados três semestres de oficinas (2018/2, 2019/1 e 2019/2), com três exposições, uma ao final de cada semestre, exibindo as obras produzidas pelos pequenos artistas. As exposições foram realizadas em espaço público, com acesso gratuito e, além delas, os alunos puderam expor em conjunto com eventos da cidade (Semana da Escultura e Feira do Artesanato), dando maior visibilidade às obras dos jovens que participaram do projeto, seja por moradores ou por turistas que visitam a cidade e o evento, e proporcionando também interação com o público e escultores. Inclusive, os visitantes tiveram interesse em adquirir as peças produzidas ou encomendar novas peças das crianças. 



Dois jovens que participaram do projeto, hoje maiores de idade, já possuem seu ateliê em casa e produzem peças próprias para comercialização. Outro resultado positivo, foi que a oficina ganhou um espaço maior para atuar com maior dinamismo neste ano, contudo, ainda não conseguimos iniciar a oficina em razão da situação atual do país. Os depoimentos das crianças que frequentaram a oficina são unânimes, no sentido de que adoram participar das aulas e produzir as peças. 

Muitos elogios também ao servidor e escultor, José, que, com muito esmero, repassa seus ensinamentos aos jovens. As ações culturais que contam com a dedicação de um mestre de saber, o olhar de crianças empenhada em aprender, o apoio e participação dos pais e o incentivo do poder público, sem dúvidas, tendem a trazer resultados sempre construtivos à comunidade. 

Podemos dizer que a Oficina é um sucesso e alcança seu objetivo a cada dia, atraindo mais jovens para o aprendizado da magnífica arte de esculpir.







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